sexta-feira, agosto 10, 2007

QUEM?

EU! ... EU escrevo num blog... EU, o descarado e imprudente, o altivo e insolente... EU...


EU: amo-te...

Namorada: também te amo... muito.


Um simples e ligeiro diálogo que inadvertidamente me reacendeu uma ideia já antiga: a sincera noção de que cortejar uma pessoa com um intuito amoroso ou unicamente sexual, é pura e simplesmente um inconsciente (ou não) acto de masturbação mental.


Eu digo amo-te, ela cora, esboça um lindo sorriso, maravilhosamente delicado, e entre lábios profere as mesmas palavras, desta vez dirigidas a mim.


Da primeira vez que tal escoamento cerebral me ocorreu, encontrava-me a cortejar a minha actual namorada e (espero eu), a ultima que algum dia precisarei de ter, e deparei comigo a esboçar um sorriso de orelha a orelha de cada vez que a manobrava a dizer algo que eu previamente havia antevisto como uma consequência de algo que eu planeava dizer, daqui a provável consciencia do acto parentesiada* no primeiro paragrafo, inerente a pessoas com uma personalidade manipuladora.


Examinando com minúcia toda a interacção sujeito1/sujeito2 rapidamente se verifica que ambos tiram um amplo prazer das palavras por eles proferidas. Tudo o que é dito até ao ponto de dizer amo-te pode ser considerado como o acto propriamente dito; uma palavra, um gesto, uma oferta, e eventual retribuiçao, enquanto que o culminar da conversa, o tao esperado “amo-te” ou “casa-te comigo” ou “o meu carro tem um banco traseiro bastante espaçoso” é entao o climax, que os levará a um eventual acto com uma projecção física.


E tudo isto porque acordei no lado errado da cabeça...



*adoro inventar palavras

3 comentários:

Ana Jones disse...

devias acordar mais vezes no lado errado... :P
o prazer que se tira ao proferir, ouvir tais palavras (o "amo-te"), é muito mais que simples acção social, mecanizada, algo que esta intrinseco em nós: Tu dizes: "Amo-te" e a outra pessoa responde: "Também te amo"... É uma exortação aquilo que nos torna realmente expeciais, que nos diferencia dos demais seres vivos, a capacidade de produzir um sentimento, biologicamente inexplicavel...

David Cruz disse...

Depois desta quasi-confissão em como agiste racionalmente, manipulando tua namorada para satisfazeres as tuas necessidades, ainda a conseguiste manter? Ou já procuras outra?

No fundo o que acabaste por discutir foi a racionalidade (ou será irracionalidade) do balançar a obtenção da recompensa (prazer) e o controlo (vergonha/exposição/...).

Gestos, olhares, palavras são esgrimidos para um controlo do outro indivíduo. "Cedes" um 'amo-te' e obtens a resposta física e verbal de tal atrevimento.

Se a conseguiste manipular? Não sei. Contudo suspeito que o sorriso, o corar, o brilho nos olhos te tenham deixado com o bichinho de ver mais uma vez, e outra, e outra, a mesma expressão.

Disseste 'amo-te' e tornaste-a vulnerável. Ela sorriu-te de volta, ficaste tu. Quem manipula quem? Who knows! Who cares...

Ana Jones disse...

Na minha opinião, quando duas pessoas têm um interesse mutuo, uma na outra, encontraram sempre formas de se manipularem uma à outra... Eu digo: "Eh pah, hoje acordei cá com umas olheiras, pareco um ogre" Tudo para a outra pessoa reponder: "Tás linda, não perces nada um ogre!!!"... O tal acto de masturbação mental... Elaboro uma falacia, para a outra pessoa corrigir... E ficamos os dois contentes...