EU! ... EU escrevo num blog... EU, o descarado e imprudente, o altivo e insolente... EU...
“EU: amo-te...
Namorada: também te amo... muito.”
Um simples e ligeiro diálogo que inadvertidamente me reacendeu uma ideia já antiga: a sincera noção de que cortejar uma pessoa com um intuito amoroso ou unicamente sexual, é pura e simplesmente um inconsciente (ou não) acto de masturbação mental.
Eu digo amo-te, ela cora, esboça um lindo sorriso, maravilhosamente delicado, e entre lábios profere as mesmas palavras, desta vez dirigidas a mim.
Da primeira vez que tal escoamento cerebral me ocorreu, encontrava-me a cortejar a minha actual namorada e (espero eu), a ultima que algum dia precisarei de ter, e deparei comigo a esboçar um sorriso de orelha a orelha de cada vez que a manobrava a dizer algo que eu previamente havia antevisto como uma consequência de algo que eu planeava dizer, daqui a provável consciencia do acto parentesiada* no primeiro paragrafo, inerente a pessoas com uma personalidade manipuladora.
Examinando com minúcia toda a interacção sujeito1/sujeito2 rapidamente se verifica que ambos tiram um amplo prazer das palavras por eles proferidas. Tudo o que é dito até ao ponto de dizer amo-te pode ser considerado como o acto propriamente dito; uma palavra, um gesto, uma oferta, e eventual retribuiçao, enquanto que o culminar da conversa, o tao esperado “amo-te” ou “casa-te comigo” ou “o meu carro tem um banco traseiro bastante espaçoso” é entao o climax, que os levará a um eventual acto com uma projecção física.
E tudo isto porque acordei no lado errado da cabeça...
*adoro inventar palavras
3 comentários:
devias acordar mais vezes no lado errado... :P
o prazer que se tira ao proferir, ouvir tais palavras (o "amo-te"), é muito mais que simples acção social, mecanizada, algo que esta intrinseco em nós: Tu dizes: "Amo-te" e a outra pessoa responde: "Também te amo"... É uma exortação aquilo que nos torna realmente expeciais, que nos diferencia dos demais seres vivos, a capacidade de produzir um sentimento, biologicamente inexplicavel...
Depois desta quasi-confissão em como agiste racionalmente, manipulando tua namorada para satisfazeres as tuas necessidades, ainda a conseguiste manter? Ou já procuras outra?
No fundo o que acabaste por discutir foi a racionalidade (ou será irracionalidade) do balançar a obtenção da recompensa (prazer) e o controlo (vergonha/exposição/...).
Gestos, olhares, palavras são esgrimidos para um controlo do outro indivíduo. "Cedes" um 'amo-te' e obtens a resposta física e verbal de tal atrevimento.
Se a conseguiste manipular? Não sei. Contudo suspeito que o sorriso, o corar, o brilho nos olhos te tenham deixado com o bichinho de ver mais uma vez, e outra, e outra, a mesma expressão.
Disseste 'amo-te' e tornaste-a vulnerável. Ela sorriu-te de volta, ficaste tu. Quem manipula quem? Who knows! Who cares...
Na minha opinião, quando duas pessoas têm um interesse mutuo, uma na outra, encontraram sempre formas de se manipularem uma à outra... Eu digo: "Eh pah, hoje acordei cá com umas olheiras, pareco um ogre" Tudo para a outra pessoa reponder: "Tás linda, não perces nada um ogre!!!"... O tal acto de masturbação mental... Elaboro uma falacia, para a outra pessoa corrigir... E ficamos os dois contentes...
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